Dançar num corpo negro e gordo é a maior fonte do trabalho artístico de Gal Martins, atriz, dançarina e criadora da Cia. Sansacroma, que tem se dedicado às criações poéticas do corpo negro onde quer que ele esteja inserido.
A artista esteve em cena na Bienal de Dança 2019 em dois momentos: na residência Dança da Indignação e na campanha institucional e identidade desta edição do festival.
O ensaio fotográfico evidencia a pluralidade dos corpos que transitam pela dança contemporânea, ao mesmo tempo em que mostra também a singularidade de cada corpo e de cada criação presente na programação. Esse deslocamento entre o plural e o singular foi a linha condutora do trabalho curatorial da edição de 2019 da Bienal Sesc de Dança e Gal foi uma das dançarinas escolhidas para estampar essa proposta.
Já nos encontros da residência, a ideia foi reverberar, por meio da dança e de uma abordagem poética e política, as indignações coletivas. A pesquisa surgiu do amadurecimento estético da Companhia Sansacroma.
Durante 5 dias, os participantes puderam explorar situações, reflexos e contaminações através do contato de seu corpo com as indignações de seu imaginário. A proposta foi refletir e experienciar como a poética de seus corpos, que passam por estímulos e vivências pessoais, afeta seu estado cênico e cria uma dramaturgia na intersecção entre arte e vida.
Eu crio porque é urgente falar de alguns segredos públicos que têm uma ligação direta com o meu corpo negro, com meu corpo gordo.
Gal Martins
Entrevista e fotografia: Luciane Ramos-Silva, artista, pesquisadora, curadora das ações formativas.
Texto e edição de vídeo: Brenda Amaral, editora web do Sesc Bom Retiro.
Edição de texto: Fernando Bisan, editor web do Sesc Campinas.